No Dia Mundial de Combate à Tuberculose, o Ministério da Saúde do Brasil lançou uma Campanha Nacional que coloca a eliminação da doença como prioridade para o país. Para isso, será mobilizado um esforço conjunto no Governo Federal, com a criação de um Comitê Interministerial para a eliminação da doença. O lançamento contou com a participação da representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, Socorro Gross.
De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a campanha do Brasil reafirma o compromisso com a agenda global para a eliminação da tuberculose como um problema de saúde pública.
“É inadmissível que tantas pessoas percam a vida por uma doença que tem prevenção, tratamento e cura. […] A tuberculose é uma doença que atinge mais fortemente a população mais vulnerável. Entendemos que são populações e grupos populacionais que são negligenciados. O foco é nas pessoas e não nas doenças”, disse a ministra da Saúde.
Com a mensagem “Quem tem tuberculose nunca está sozinho. A gente testa, a gente trata, a gente vence”, a campanha será veiculada na TV aberta e segmentada, rádio, internet e em locais de grande circulação de pessoas em todo o país, com foco nas localidades de maior incidência da doença, como Manaus, Belém, Rio Branco, Recife e Rio de Janeiro.
As ações chamam a atenção para os principais sintomas, como tosse por três semanas ou mais, febre e emagrecimento. Além disso, reforçam que o diagnóstico e o tratamento, que leva à cura da tuberculose, estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
O Brasil é o país com o maior número de casos notificados de TB nas Américas. Em 2022, cerca de 78 mil pessoas adoeceram por tuberculose no país. O número representa um aumento de 4,9% em relação à 2021, segundo informações da edição especial do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.
A representante da OPAS e da OMS no Brasil chamou a atenção para os impactos da pandemia de COVID-19 no combate à tuberculose que, pela primeira vez em uma década, registrou um aumento no número de óbitos.
De acordo com ela, esse cenário pode ser revertido com uma resposta multisetorial e os meios de comunicação têm um papel fundamental nesse processo. “Para eliminarmos uma doença, precisamos falar sobre ela e, por isso, eu faço um chamado aos meios de comunicação e a toda a sociedade para se engajarem nesse desafio. Se não falarmos da doença, não temos como eliminá-la e hoje já temos todas as ferramentas para isso”, ressaltou.
Socorro Gross também destacou que está prevista para o mês de setembro a 2ª Reunião de Alto Nível sobre Tuberculose, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nessa ocasião, os países prestarão contas sobre as ações desenvolvidas, os progressos obtidos e os esforços para o alcance dos compromissos pela eliminação da doença.
Dentre esses compromissos, destacam-se os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, as metas da Estratégia Global pelo Fim da TB da OMS e o conjunto de recomendações e metas estabelecidas na Declaração Política da 1ª Reunião de Alto Nível sobre Tuberculose, que ocorreu no ano de 2018.
Tuberculose tem cura
A tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, uma bactéria que quase sempre afeta os pulmões. É transmitida de pessoa para pessoa através do ar. Os sintomas da tuberculose ativa incluem tosse, dor no peito, fraqueza, perda de peso, febre e suores noturnos.
O diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento no tempo correto e aumentar as chances de cura, principalmente entre a população que tem maior risco para sintomas graves. De acordo com orientações do Ministério da Saúde, as pessoas com sintomas da doença devem procurar uma unidade de saúde para avaliação e realização de exames. É importante, também, que os contatos mais próximos de uma pessoa com resultado positivo para a tuberculose sejam testados.
Além disso, uma das principais formas de proteção existentes contra casos graves da tuberculose em crianças menores de cinco anos é a vacina BCG, recomendada no Calendário Nacional de Vacinação para logo após o nascimento.
Nos últimos anos, houve uma redução importante da cobertura vacinal. Até 2018, o índice de vacinação se mantinha acima de 95%. A partir de 2019, a cobertura não ultrapassou os 88%. Essa queda representa aumento do risco de casos graves e óbito e, por isso, retomar a alta cobertura vacinal é fundamental para a eliminação da tuberculose no Brasil.