Carmelita Alves não sabia que seu filho Cícero Carvalho, na época com 3 anos, tinha hepatite. Ela procurou o Hospital Regional de Taguatinga, em Brasília, com o filho apresentando dores no corpo, náuseas e vômitos. Ao passar pela triagem e atendimento, Cícero foi diagnosticado com a doença. “Como era vômito e o corpo estava meio mole, não imaginei que poderia ser algo mais grave. O médico pediu os exames, incluindo o de sangue e aí deu hepatite”, lembra Carmelita.
Logo após receber o diagnóstico, os médicos internaram a criança na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e iniciaram o tratamento. “O sangue do Cícero ficou ralo. Ele precisou até receber doação de sangue. Agradeço a Deus e aos médicos pelo restabelecimento da saúde do meu filho”, recorda a mãe.
Diagnosticar as hepatites B e C precocemente é a melhor forma de obter eficácia com o tratamento. Após um mês internado, Cícero recebeu alta e foi curado da doença. Hoje, aos 33 anos, ele é casado, tem um filho de onze anos e está à espera de outro herdeiro. Sua esposa, Silvana Mourão, já tomou a vacina contra hepatite pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e está prevenida contra a doença. “Faço o pré-natal todo mês, incluindo exames e vacinas. Acredito que esse cuidado é fundamental tanto para mim como para meu filho”, afirma a moça.
Assim como Carmelita e família, os tratamentos oferecidos pelo SUS têm mudado a vida de portadores de hepatites virais. “Quando o indivíduo descobre a doença com a eclosão dos sintomas, pode ser tarde. Por isso a importância da identificação precoce do vírus no organismo, em tempo de promover um tratamento bem-sucedido e prevenir futuros danos”, alerta Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. “Sem falar na vacinação, ter a caderneta vacinal em dia é essencial para se prevenir da doença e sua transmissão”, completa.
Sobre a hepatite
A hepatite é uma inflamação do fígado e pode ser causada por vírus, uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. É uma infecção que atinge o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves.
As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. No Brasil, as mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na Região Norte do país) e da hepatite E, que é menos frequente no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.

Diagnóstico e tratamento
O SUS disponibiliza meios para diagnosticar as hepatites virais, sejam exames de sangue e testes rápidos ou laboratoriais, em qualquer unidade básica de saúde (UBS) e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).
O tratamento da hepatite A se resume a repouso e cuidados com a dieta do paciente. Já em caso de hepatite C, a intervenção terapêutica é feita com os chamados antivirais de ação direta (DAA), geralmente por 8 ou 12 semanas, apresentando taxas de cura de mais de 95%.
A hepatite B não possui cura, mas seu tratamento com medicamentos específicos (alfapeginterferona, tenofovir e entecavir) tem por objetivo reduzir o risco de progressão da doença e complicações.

Sintomas
Os sintomas podem se manifestar por meio do cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Atualmente, existem testes rápidos para detecção da infecção pelos vírus B ou C, que estão disponíveis no SUS. Todas as pessoas precisam ser testadas pelo menos uma vez na vida para esses tipos de hepatite. Populações mais vulneráveis precisam ser testadas periodicamente.