07/05 – Dia Internacional da Luta contra a Endometriose

No dia 7 de maio se comemora o ‘Dia Internacional da Luta Contra a Endometriose’, uma doença que acomete 1 em cada 10 mulheres, segundo o Ministério da Saúde. Por este motivo, os ginecologistas, Gustavo Rodrigues Eduardo Loyola Villas Boas, explicaram os sintomas e as dificuldades dessa doença silenciosa e tão dolorosa para as mulheres.

Como a endometriose é uma doença silenciosa, é essencial diferenciar sintomas normais durante o período menstrual dos sintomas que podem indicar a presença da doença. Uma cólica leve é algo normal durante o período, mas se a dor não passar, mesmo com medicação, e começar a se intensificar, é importante buscar ajuda médica.

Sintomas

  • Dor durante as relações sexuais
  • Dor para evacuar ou urinar durante o período menstrual
  • Sangramentos na unira ou fezes
  • Cólica intensa, que não passa com medicação
  • Dores fortes na lombar, região pélvica e pernas
  • Diarreia, náuseas, prisão de ventre ou inchaço durante a menstruação
  • Dificuldade para engravidar

Exames e diagnóstico

O Gustavo informou que a melhor forma de conseguir um diagnóstico da doença é através do exame de ressonância nuclear magnéticaAlém de, também, realizar os exames clínicos físicos, de toque, e manter uma boa comunicação com a paciente, para entender quais são os sintomas e encaminha-la para o tratamento mais adequado.

“É recorrente no consultório que as pacientes tenham pelo menos de 6 a 9 anos para conseguir este diagnóstico, coisa que uma conversa ou um exame clínico pode antecipar bem e, assim, ter um controle precoce da doença para que a paciente não evolua para uma forma mais grave.”, disse o médico.

O especialista em endometriose, Eduardo Loyola Villas Boas, também acrescentou que não existem tipos diferentes de endometriose, mas sim diferentes estágios da doença, como leve e profunda, além de uma variação de locais atingidos por estes “focos do endométrio” fora do útero, ou seja, quais órgãos estão sendo atingidos.

Dor não é normal

Muito se fala sobre a demora do diagnóstico da endometriose e isso acontece por diversos fatores. Apesar de ser uma doença comum entre as mulheres, segundo o ginecologista e especialista em endometriose, Eduardo Loyola Villas Boas, um dos motivos por este atraso é o fato de a paciente ir poucas vezes ao médico, a falta de acesso para realizar exames de imagem e a normalização da dor.

A paciente não pode aceitar que a dor é normal, principalmente aquela que precisa ir ao pronto-socorro. Se ela tem dor que um analgésico não melhora, que causa dor para evacuar e diarreia no período menstrual, ela precisa buscar um especialista.”, disse Eduardo.

Infertilidade

O mês de maio é também o mês das mães e uma das consequências causadas pela endometriose é a infertilidade. Segundo o ginecologista Gustavo Rodrigues50% dos casais que sofrem com a dificuldade para engravidar possuem como causa principal deste problema a endometriose. Porém, o médico ressaltou que a gravidez é possível sim, mesmo com a doença, o que precisa ser feito é uma avaliação para entender qual a melhor forma de realizá-la, já que cada caso é único.

“Pacientes com endometriose podem engravidar, isso depende do grau e da extensão da doença, mas se for uma doença inicial, bem controlada e pouco inflamada, a mulher pode engravidar sim.”, complementou o ginecologista Eduardo Loyola.

Cura e tratamentos

O ginecologista, Eduardo Loyola, reforça que o tratamento é mais direcionado aos sintomas da doença, pois “não existe medicação que irá acabar com a endometriose”. O ideal é focar na alimentaçãonutrição, e exercício físico, já a medicação utilizada é para diminuir os sintomas, mas não a doença em si.

Como quanto mais a mulher menstrua, mais o quadro da doença avança, é importante buscar formas de impedir este processo e não gerar mais danos ao útero com o auxílio de anticoncepcionaisDIU remédios hormonais e, em casos mais graves, da cirurgia.

De acordo com Gustavo, a cura completa da endometriose é algo difícil de dizer. Porém, em casos mais graves, há a indicação de uma cirurgia, que, quando bem feita, pode reduzir significativamente todos os sintomas da doença, permitindo até a possibilidade de uma gestação

A indicação cirúrgica da paciente ocorre com a avaliação de, pelo menos, três situações:

  1. Lesão causada pela endometriose presente em algum órgão, comprometendo assim a sua função, como é o caso dos rins e intestino
  2. Dor intratável, ou seja, que não está sendo solucionada por meio de medicação e outros tratamentos
  3. Infertilidade, quando o quadro mais avançado da doença impede totalmente a gravidez

“Dizer não só para aquelas que são mães ou que vão ser mães, que a endometriose é uma doença que atrapalha muito a qualidade de vida da mulher e que ela não deve aceitar o sofrimento da dor neste momento e que deve sempre lutar para que essa doença não arrase com a sua vida de maternidade e também a sua vida amorosa.”, concluiu o Dr. Gustavo.

Fonte: Dia Internacional da Luta contra a Endometriose: conheça os sintomas e os tratamentos da doença | Responsabilidade Social | Rede Globo

MARÇO AMARELO – MÊS MUNDIAL DE CONSCIENTIZAÇÃO DA ENDOMETRIOSE

A endometriose é uma condição médica que afeta muitas mulheres em todo o mundo. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva estima que uma em cada dez mulheres sofre com a doença, sendo que 57% delas têm dores crônicas e mais de 30% dos casos podem repercutir com infertilidade. Esses números destacam a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado, por isso, o Março Amarelo, campanha de conscientização da endometriose, amplia o debate sobre o tema durante todo este mês. Os hospitais universitários da Rede Ebserh contam com serviços especializados e equipes multiprofissionais qualificadas no manejo clínico da doença.

Segundo explica a ginecologista do Ambulatório de Dor Pélvica do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santos (Hucam-Ufes), Neide Aparecida Tosato Boldrini, a endometriose é uma doença benigna, clínica, crônica e inflamatória, caracterizada pela presença de tecido endometrial (tecido que reveste internamente o útero) fora da cavidade uterina, podendo acometer diversos locais como intestino, bexiga e vagina. O seu crescimento é doloroso e progressivo. “Esse tecido endometrial fora do útero continua a responder aos hormônios do ciclo menstrual, resultando em sangramento, inflamação, formação de aderências e cicatrizes nos tecidos circundantes”, completou.

Até o momento, não existe um consenso sobre as causas e os mecanismos de desenvolvimento da doença, o que torna o diagnóstico e o tratamento desafiadores. “Acredita-se que a teoria da menstruação retrógrada, na qual células endometriais são implantadas no peritônio e em outros órgãos pélvicos durante a menstruação, seja uma das principais causas”, esclareceu a profissional.

Sintomas

A dor pélvica crônica é o sintoma principal e muitas vezes a queixa mais comum. Algumas pessoas podem, ainda, experimentar, no caso da endometriose profunda, dor durante ou após o sexo (conhecida como dispareunia), dor durante a menstruação, sangramento menstrual irregular, dor ao urinar ou evacuar e infertilidade.

“Porém existem pacientes assintomáticas. O diagnóstico é realizado por meio da abordagem clínica, dos exames físico e de imagem, que pode ser o ultrassom transvaginal e a ressonância de pelve com preparo intestinal, ambos realizados por profissionais especializados”, explicou a médica Luzia Salomão, chefe do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário da Universidade de Juiz de Fora (HU-UFJF).  A instituição recebe pacientes encaminhadas pelas Unidades Básicas de Saúde, que são atendidas por profissionais da ginecologia, fisioterapia pélvica, residentes e acadêmicos da UFJF.

A médica ressalta que a doença impacta, por causa desses sintomas e locais de acometimento, a qualidade de vida das mulheres, comprometendo a vida afetiva, profissional e psicológica dessas pacientes. Foi o que aconteceu com a enfermeira do HU-UFJF, Juliana Nazaré, que recebeu o diagnóstico há cerca de 3 anos.

Ela conta que sentia muitas cólicas abdominais, cansaço e dores ao ter relações sexuais, o que a obrigava a fazer uso de analgésicos com frequência. “Sempre realizei meu acompanhamento preventivo, porém, ao relatar meu quadro, normalizavam minha dor, como sendo comum no período menstrual. Até que evolui para dor ao urinar e foi necessário aprofundar a investigação, diagnosticando endometriose profunda com acometimento na minha bexiga por meio de uma ressonância magnética”, relatou.

Endometriose e fertilidade

Ainda não existem estratégias para prevenir a doença, mas o diagnóstico precoce é extremamente importante para condução e tratamento dos sintomas, principalmente o da infertilidade. Segundo a ginecologista Mychelle de Medeiros Garcia Torres, coordenadora médica do Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MEJC-UFRN), mais de 30% das mulheres com endometriose cursam com dificuldade para engravidar.

“A fertilidade pode ser afetada pela presença das lesões e aderências, que podem distorcer a anatomia dos órgãos. Além disso, baixa reserva ovariana e queda na qualidade dos óvulos podem estar presentes nessas mulheres de forma mais precoce que na população geral”, disse.

Apesar de ser uma das principais causas de infertilidade feminina, a endometriose não necessariamente causa dificuldade para engravidar. Quando isso ocorre, as técnicas de reprodução assistidas podem ajudar. Na MEJC-UFRN, por exemplo, tratamentos de inseminação artificial e fertilização in vitro estão disponíveis gratuitamente para as pacientes com diagnóstico de infertilidade que não possuam filhos do atual relacionamento.

Tratamento

Diante dos sintomas ou de infertilidade, há uma presunção diagnóstica, podendo já ser iniciado o tratamento, segundo a ginecologista do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), Michele Rodrigues. O tratamento depende de vários fatores, incluindo a gravidade dos sintomas, a extensão da doença e os planos de gravidez da paciente. Entre as opções de controle estão medicamentos, como analgésicos, hormonioterapia (pílulas anticoncepcionais) para bloquear a menstruação e controlar os sintomas e inibidores de aromatase, que ajudam a reduzir a produção de estrogênio no corpo, o que pode diminuir o crescimento do tecido endometrial.

“Nos casos de endometriose profunda, com focos maiores, primeiro é feito o mapeamento de órgãos atingidos”, enfatizou. A cirurgia minimamente invasiva é indicada para remoção de tecido endometrial e aderências. Já histerectomia, em casos graves, consiste na remoção do útero de mulheres que não desejam mais ter filhos. No HU-UFPI, mulheres com endometriose são atendidas pelo ginecologista geral acompanhadas pela Psicologia e Fisioterapia para auxílio no tratamento da dor. Em casos cirúrgicos, essas pacientes são encaminhadas para uma equipe multidisciplinar, composta por urologista, ginecologista e coloproctologista.

Terapias complementares como acupuntura, mudança no estilo de vida e dieta e prática de exercícios físicos regularmente também pode ajudar a controlar os sintomas.

Fonte: Endometriose causa cólica intensa e pode levar à infertilidade — Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (www.gov.br)